terça-feira, 8 de maio de 2012

Regulamentação Profissional na área de TI – Modelo Possível

Há alguns dias atrás publiquei um outro artigo sobre regulamentação que teve grande repercussão e ainda repercute na internet (http://www.tiespecialistas.com.br/2010/11/regulamentacao-ajuda-ou-atrapalha/). Diante disto, resolvi escrever mais um post sobre o assunto.
Estive garimpando os comentários e analisando a repercussão do post. Conversei com pessoas de outras áreas que são regulamentadas e criei um modelo ideal em minha mente.
Utopia? Não sei, acredito que não.
Difícil de ser idelizado? O que não é difícil?
De qualquer jeito, independente da opinião, acredito valer a pena a discussão.
Nos comentários muito foi dito, seguem algumas exemplos de idéias:
Graduação é importante e os graduados e não graduados têm as mesmas capacidades de aprendizagem;
Não adianta se iludir e achar que a regulamentação resolverá os problemas clássicos da profissão;
Deve-se trabalhar políticos para conseguir a regulamentação e que ninguém sairá perdendo, reconhecendo os profissionais que já atuam;
Nunca tive problemas com os chamados picaretas e a área de TI deve ser livre de amarras.
Agradar a todos? Impossível.
Entendo que o que temos que ter em mente é que podemos criar formas e mecanismos que tragam benefícios para o máximo possível de pessoas e também em pensar em melhorar o dia-a-dia dos profissionais atuantes deixando um legado para os futuros profissionais trabalharem melhor.
O fato é que os comentários que são gerados a partir da discussão de um assunto desta magnitude, serve como base, para uma regulamentação mais justa e funcional. Por menor que seja o alcance, só o fato de profissionais atuantes começarem a discussão já é uma vitória.
Sou totalmente a favor da regulamentação. Não era. Antes de iniciar a graduação, nem pensava nisso.
Hoje, tenho uma opinião clara: A regulamentação é importante, essencial.
Mas, vejam como são as coisas: do último post para esse, analisando os comentários, e conversando sobre o assunto, algo mudou.
Para mim o modelo  ideal de regulamentação é aquela que preza pelo bom desempenho da função de todos os profissionais em todos os ramos de uma determinada área; que está alerta e pronta a punir profissionais que insistam em trabalhar fora das suas diretrizes; que trabalhe para melhorar a especialização de todos oferecendo parcerias com instituições de ensino; e que teste os ingressantes de forma a garantir que apenas os profissionais realmente habilitados possam exercer a profissão, independente da instituição de formação.
Estes são os alicerces básicos. Com a discussão isso muda. No âmbito político, sofre alterações, e ao final, temos diretrizes discutidas e lapidadas prontas para entrar em operação.
O principal elemento de discussão não é o político, é o nosso. É a partir dele que a sociedade passa a conhecer de fato o que fazemos e qual a nossa missão.
Vamos analisar os alicerces:
1. Preza pelo bom desempenho da função de todos os profissionais da área de TI;
Obviamente um conselho que se preze deve fiscalizar e  garantir que os profissionais estejam trabalhando dentro das suas diretrizes éticas, técnicas e operacionais, visando a boa imagem de todos e protegendo os investimentos dos clientes.
2. Estar  alerta e pronta a punir profissionais que insistam em trabalhar fora das suas diretrizes;
O conselho com base nas diretrizes definidas na regulamentação deve punir com rigor os profissionais que atuam no descaminho ou fora das suas diretrizes, em resumo, oferecem um mal trabalho à sociedade, sem corporativismo.
3. Trabalhar para melhorar a especialização de todos oferecendo parcerias com instituições de ensino;
No intuito de melhorar os serviços prestados à sociedade e dessa forma prezando pela imagem de todos e dele mesmo o conselho deveria oferecer condições igualitárias de especialização a todos firmando parcerias com instituições de ensino.
4. Testar os ingressantes de forma a garantir que apenas os profissionais realmente habilitados possam exercer a profissão;
Este item é um dos mais importantes: De nada adianta um conselho e uma profissão regulamentada que fique apenas na teoria e atue apenas na burocracia; isso seria apenas aumentar as contas à pagar de cada profissional ao final do ano, gerando apenas anuidade. Isso não pode ser o principal. O teste dos ingressantes é importante para garantir que apenas os mais preparados atuem. Não importa em qual instituição o profissional se formou, uma vez que, o nome da instituição por si só não garante a qualidade do profissional ao mercado, o que importa é o que o conselho da área de TI verifique se aquele profissional foi bem formado e está apto a exercer a profissão.Uma forma de garantir uma isonomia a todos: formem-se onde quiserem, mas teremos que aprovar. Isso teria um efeito benéfico em toda cadeia educacional da área, pois, os cursos ruins seriam banidos e os estudantes se preocupariam mais em se formar apenas nos melhores cursos, ou, se formarem adequadamente.
Podemos trazer profissionais de outras áreas para discutir o assunto, isto enriquece a discussão. Um exemplo prático é que mudei alguns pontos da minha opinião depois que conversei com um amigo que é engenheiro, professor da Unifesp e Doutor em engenharia mecânica na Alemanha. Alguma coisa mudou. É um exercício de reflexão que leva em consideração o que ocorre na realidade de outras áreas. Isso contribui para o objetivo final que é discutir e chegar a um consenso e assim formar um conselho forte, atuante  e em sintonia com a realidade da sua área e com os anseios dos seus profissionais.
Um bom exemplo de conselho forte é a OAB. É forte e tem respeito social. Até os políticos respeitam e usam do prestígio da instituição em suas campanhas. Sempre que há uma polêmica a OAB é consultada. Isto é construído com anos de trabalho e agora, enfim, existe o reconhecimento social.
Lógico, que , mesmo assim, existem maus e bons profissionais, isto sempre vai existir. Escândalos, corrupção. O importante é que os conselhos estejam alertas e não hajam com corporativismo, atuem sempre em prol da categoria que representa, e isso às vezes, significa “cortar na própria carne” ou seja, punir um colega.
Um conselho bem estruturado contribui para a imagem dos seus representados e conseqüentemente de toda a área que representa, além de cuidar da imagem, o conselho impõe regras e condições  mínimas de trabalho para que as empresas sigam e não apenas explorem a mão de obra, que também contribuam para o futuro desse profissional (aposentadoria digna, formação, atualização, etc)
Hoje em dia, cada empresa “faz” sua lei nos contratos de profissionais da área, e inventam maneiras diversas de burlar a lei: CLT Flex, PJ,   etc. Em recente tentativa de restringir a exploração das empresas à mão de obra na forma de uma lei (lei das empresas de uma pessoa só (PJ)) o que aconteceu? engavetou-se a pedido dos contratantes, lógico.
E o que fizemos?, nada (porque não temos representatividade social e conseqüentemente política, e pasmem: os empregadores tem, engraçado não?) , somos passivos. Esperamos as coisas acontecerem, e logicamente, nada acontece.
A organização é essencial para contemplar também esses aspectos trabalhistas. Sei que existem pessoas que digam: “Aceita quem quer.” é verdade, contraponho: “Quem têm mais influência ao exercer o poder de persuasão? As empresas ou os trabalhadores? Há! não esqueçam de considerar aspectos econômicos ao responder essa questão.”

Fonte:http://www.tiespecialistas.com.br/2010/11/regulamentacao-profissional-na-area-de-ti-modelo-possivel/

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