O leitor de HD descartado se transformou na cabeça de um pássaro, o
antigo CD player virou o corpo de uma enorme aranha e a máquina
fotográfica quebrada agora é um robô. Com muita criatividade, o cearense
Armando Oliveira consegue transformar materiais que ficariam sem
utilidade por anos a fio em verdadeiras obras de arte.
Armando
trabalha com manutenção de computadores e, há cerca de cinco anos, após o
fechamento da oficina onde atuava, decidiu usar toda a sucata
tecnológica que seria descartada na fabricação de objetos artísticos. A
familiaridade com as peças ajudou na concepção e na construção de cada
escultura. Objetos como HDs, placas-mãe, memórias de computador,
processadores, entre muitos outros, viraram matéria prima para uma série
de criações.
O primeiro trabalho foi um boneco que chamou de
"Surfista Tech", feito a partir de uma webcam, uma antiga máquina
fotográfica e a chapa de um ferro elétrico. Aos poucos, a coleção foi
aumentando, e hoje inclui aranhas, caranguejos, pássaros e motocicletas,
todos construídos com peças provenientes de equipamentos eletrônicos
quebrados ou descartados.
No processo de fabricação, Armando
utiliza apenas cola para fixar e algumas ferramentas para separar as
peças, mas não modifica o formato original de nenhuma delas. "Se mudar,
tira a essência da coisa", ressalta. Cada obra demora cerca de um dia
para ficar pronta e é concebida inteiramente na imaginação do artista,
que não faz uso de nenhum tipo de rascunho, desenho ou projeto.
Ele
conta que o material utilizado nas criações era encontrado com mais
facilidade no passado, mas hoje tem de ser comprado nas sucatas da
cidade após intensa procura. Para realizar seu trabalho, Armando adquire
peças por meio de doações e vende algumas de suas peças em troca de
matéria prima.
A mudança no formato e tamanho das peças também
tem dificultado um pouco o labor do artista. "O HD antigamente era
maior, e os processadores também foram diminuindo. Hoje a gente não
encontra mais, tem que procurar em muita sucata", destaca Armando.
Sucata reaproveitada
Além
de constituírem uma fonte de renda, as criações são, para Armando, uma
forma de reciclar materiais que ficariam inutilizados por muitos anos. O
artista conta que, em suas mãos, a sucata tecnológica é100%
reaproveitada. Até mesmo equipamentos grandes, como máquinas
fotocopiadoras e computadores antigos são reaproveitadas.
"É
muito importante, porque a maioria dessas coisas vai pro lixo. Algumas
peças são derretidas para tirar o ouro, mas precisa de muitas pra isso",
destaca o artista.
Negócio lucrativo
No início, o
trabalho era só um hobby, mas com o interesse de muitas pessoas em
adquirir as obras, a diversão se transformou em negócio. "Era só uma
brincadeira, até que levei um para minha irmã em São Paulo e, um tempo
depois, ela pediu para levar outros, por encomenda das pessoas", lembra
Armando.
Aqui, as vendas começaram na praia e depois passaram à
internet. Armando mantém um blog onde posta imagens das esculturas e uma
conta em um site de comércio eletrônico através do qual vende suas
criações. Além disso, a esposa do artista também ajuda na divulgação do
trabalho por meio de seu perfil pessoal no Facebook.
As peças
custam a partir de R$ 50, de acordo com o tamanho de cada uma. A mais
cara já vendida chegou a valer R$ 250, feita por encomenda de um
cliente. Por mês, Armando consegue obter entre R$ 600 e R$ 800 com a
venda das obras. Mesmo com o lucro, ele afirma que ainda não é possível
viver apenas da arte.
Agora, o plano de Armando é fazer com que
seu trabalho seja conhecido por mais pessoas. Para isso, o artista
organiza uma exposição de suas obras, com previsão para junho deste ano.
Mais informações
O artista cearense Armando Oliveira cataloga sua coleção de esculturas em seu blog pessoal.
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