quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Líderes de TI tornam-se estrategistas de negócios

Liderança estratégica envolve mais do que saber como entregar sistemas ou processos de projeto mais eficientes. Em vez disso, os líderes de TI estratégicos devem ser capazes de promover a colaboração entre as funções de negócios, exercer influência sobre os clientes internos e entender como eles podem satisfazer as expectativas dos clientes externos. Isso não significa que os CIOs deixaram suas responsabilidades funcionais para trás. O departamento de TI tem de manter a infraestrutura de tecnologia da empresa operando, enquanto mantém um olho em como melhorar as operações comerciais. Para os CIOs, deixar de tomar decisões do dia a dia de TI obriga cultivarem equipes de gerentes capazes de manter as luzes acesas e a execução de projetos.

Em vez de gastar os seus dias nos detalhes das operações de TI e de gestão de custos, ou na implementação de sistemas de suporte a processos de negócio, um número crescente de CIOs quer cada vez mais trabalhar na estratégia de negócios e identificar maneiras de incorporá-la em produtos, serviços e nos novos modelos de negócio. Para chegar lá, entretanto, o trabalho é duro. A construção de um grupo estratégico de TI demanda tempo e inteligência tática - e é um esforço de importância crescente, de acordo com a 12ª pesquisa State of the CIO.

Na verdade, ter uma equipe eficaz é essencial para posicionar o CIO como líder de um grupo que pode aumentar a vantagem competitiva de uma empresa por meio da tecnologia e da inovação. Muitos CIOs estabelecem laços de confiança com os acionistas da empresa apenas quando demonstram que sua equipe é competente na entrega básica de serviços de TI. O CIO estratégico precisa ganhar a confiança dos seus pares para se tornar valorizado por suas contribuições para os debates sobre como aumentar a receita e a participação da empresa de mercado.
Segundo a 12ª pesquisa State of the CIO, 64% dos 563 líderes de TI entrevistados planejam se concentrar mais na "venda" do departamento de TI em 2013, para mostrar mais às outras áreas de negócio as suas capacidades.  Os resultados dos últimos três anos de pesquisas sugerem que os CIOs estão cada vez mais tomando medidas para solidificar ou elevar a sua relação da equipe com os acionistas da empresa, delegando mais liderança, desenvolvimento e habilidades multifuncionais para a equipe de TI, e voltando sua atenção para os clientes. Um terço dos CIOs agora visita os clientes, contra 18% dois anos atrás.

Ian Patterson, CIO da corretora on-line Scottrade, tem um escritório na sede da companhia em St. Louis, mas raramente está nele. Em vez disso, ele anda por toda a empresa passa a maior parte do tempo discutindo estratégias com seus pares. A partir dessa interação, Patterson compreendeu a importância de focar na velocidade com que sua empresa deve se adaptar para acompanhar as exigências legais e as necessidades do cliente. Muitas vezes, essas forças externas empurram a Scottrade a mudar mais rápido do que a tecnologia consegue suportar. O ritmo de mudança na indústria de serviços financeiros tornou necessário atualizar os objetivos da companhia a cada trimestre. Então Patterson reformulou o processo de governança para projetos de TI. O plano estratégico de TI prevê investimentos de longo prazo (cinco anos) e inovação, enquanto os projetos em curso e propostas são priorizados a cada trimestre, diz ele.

Mas nem todos já chegaram lá. É encorajador que 20% dos CIOs digam hoje que os grupos de TI são vistos como colegas de negócios que desenvolvem, não apenas suportam, estratégias de negócios. No entanto, a maioria permanece meio confusa: 32%  ainda se veem como colaboradores influentes, 26% como prestadores de serviço e 15% como centro de custo. Ainda assim, estamos vendo uma mudança significativa. Em 2012, os 20% que já se percebem como estrategistas de negócios eram apenas 15%, enquanto os 15% que ainda se avaliam como centro de custo eram 21%.

A pesquisa mostra ainda que os CIOs estão aprendendo também a empregar uma variedade de ferramentas de gestão para apoiar a missão - e melhorar o seu próprio valor.

Decidir o que delegar e para quem

O desafio mais comum de ser um líder estratégico é a falta de profundidade de gestão em TI. CIOs precisam ter gerentes que possam assumir as iniciativas de melhoria de processos e tocar parcerias com empresas interessadas em fazer a gestão das operações diárias, em vez de esperar por diretivas ou solicitações. Sem esses gerentes, os CIOs não conseguem tempo para trabalhar com seus colegas executivos, supervisionar as iniciativas da empresa ou ficarem atualizados a respeito das mudanças do mercado e das necessidades dos clientes.

Kevin Murray, CIO e COO do grupo AXA Portugal, companhia de serviços financeiros do Grupo AXA, abordou o problema por meio da construção de uma equipe que pode lidar com os aspectos funcionais da TI. Ele ainda se mantém informado sobre o que está acontecendo no dia a dia, mas deixou de supervisionar diretamente as operações de TI. “Foi a forma que encontrei de me concentrar na estratégia, bem como tornar-me parte do negócio e um parceiro confiável.”

Já Warren Kudman, CIO da Sealed Air, criou o cargo de vice-presidente de gestão de TI empresarial para monitorar gastos com tecnologia e gerenciar fornecedores de TI. Ele também criou uma "equipe de gerenciamento de valor"  com 25 pessoas responsáveis ​​por garantir que a empresa obtenha o valor máximo possível do software e hardware já instalados. A equipe também educa as unidades de negócios e até mesmo a equipe de TI sobre as capacidades dos sistemas existentes, diz Kudman. "Se eu não tivesse pessoas nas quais posso confiar, o uso do meu tempo seria muito diferente."

Ao delegar, ele libera tempo para debater com os colegas das outras áreas  como empurrar a Sealed Air à frente de seus rivais no negócio de embalagens de alimentos e materiais médicos. Recentemente, a empresa começou a implantar máquinas que monitoram se os trabalhadores de saúde lavam as mãos entre as visitas aos pacientes. Os dispositivos de coleta de dados coletam relatórios de conformidade e enviam alertas para os supervisores. O grupo discutiu o fluxo de receita para esse novo negócio baseado em tecnologia e sugeriu métodos de armazenamento de dados e de segurança para a unidade de negócios. 

"A coisa mais importante é ser o conselheiro de confiança", observa Kudman.
No Potlatch, a delegação é feita de forma diferente. Tendo atribuído a responsabilidade pelas operações de infraestrutura, incluindo sistemas de telefonia e redes, para dois funcionários de TI, o diretor Brent Gregory agora trabalha na redistribuição do trabalho de desenvolvimento e suporte aos aplicativos. Ele encoraja vários de seus funcionários de confiança a conhecerem melhor as áreas de negócio específicas, para que possam tomar posse das aplicações que mais importam para esses grupos.

"Eu realmente estou tentando empurrá-los para fazer o mesmo trabalho que eu estou fazendo no board em suas especialidades particulares", diz ele. "Estou tentando focar  em tornar a equipe de TI mais ávida pelo dinheiro da empresa", diz ele.

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